Gordura no Fígado (Esteatose Hepática): O Que é e Como Tratar

ESTEATOSE HEPÁTICA

4/1/20254 min read

A esteatose hepática, também conhecida como gordura no fígado, é uma condição caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura nas células do fígado. Esse acúmulo pode prejudicar a função hepática e, ao longo do tempo, evoluir para fibrose, cirrose hepática e, em casos mais graves, até câncer de fígado.

Causas da Esteatose Hepática

A gordura no fígado pode ser causada por vários fatores, sendo que as duas formas mais comuns são:

  • Esteatose Hepática Não Alcoólica (EHNA): O tipo mais comum, que não está relacionado ao consumo excessivo de álcool. Fatores como obesidade, diabetes tipo 2, hipertensão e colesterol elevado estão frequentemente associados à esteatose hepática não alcoólica.

  • Esteatose Hepática Alcoólica: Acontece devido ao consumo excessivo e prolongado de álcool. O fígado, ao processar grandes quantidades de álcool, começa a acumular gordura, prejudicando sua função.

Fatores de Risco

Diversos fatores podem aumentar o risco de desenvolver gordura no fígado, como:

  • Obesidade: O excesso de peso, especialmente a gordura abdominal, está fortemente associado à esteatose hepática.

  • Diabetes tipo 2: Pessoas com diabetes têm maior risco de acumular gordura no fígado.

  • Colesterol elevado: Níveis elevados de colesterol no sangue também são um fator de risco.

  • Síndrome metabólica: É uma condição presente em pessoas que possuem obesidade/ acúmulo de gordura abdominal, pressão arterial elevada, níveis elevados de glicose no sangue ou diabetes e elevação do colesterol ou triglicérides. Pessoas com síndrome metabólica têm maior risco de desenvolver esteatose hepática.

  • Sedentarismo: A falta de atividade física contribui para o acúmulo de gordura no corpo, incluindo no fígado.

  • Uso excessivo de medicamentos: Certos medicamentos, como corticoides, podem contribuir para o aumento da gordura no fígado.

Sintomas de gordura no fígado

Na maioria dos casos, a esteatose hepática não causa sintomas nos estágios iniciais. Contudo, à medida que a condição progride e o fígado perde sua capacidade de funcionar adequadamente, pode evoluir para esteatohepatite, um quadro de inflamação contínua no fígado. Isso pode levar à fibrose hepática, cirrose e gerar sintomas e complicações graves, como:

  • Fadiga constante: Sensação persistente de cansaço e falta de energia, que afeta as atividades diárias.

  • Náuseas e vômitos: Sensação de enjoo e vômitos frequentes, que podem ocorrer devido ao acúmulo de toxinas no organismo quando o fígado não consegue metaboliza-las corretamente.

  • Icterícia: Amarelamento da pele e dos olhos, que ocorre quando o fígado não consegue processar corretamente substâncias como a bilirrubina.

  • Ascite: Acúmulo de líquido na cavidade abdominal, provocando desconforto abdominal, aumento do volume da barriga e, por vezes, dificuldade para respirar.

  • Encefalopatia hepática: Episódios de confusão mental ou alterações no estado de consciência, causados pelo acúmulo de substâncias como amônia, que não são adequadamente metabolizadas pelo fígado.

  • Ginecomastia: Desenvolvimento anormal de tecido mamário nos homens, uma consequência hormonal da disfunção hepática.

  • Sangramentos mais frequentes: O aumento da pressão nas veias do fígado (hipertensão portal) pode resultar em hemorragias digestivas, caracterizadas por vômitos com sangue ou fezes com sangue.

Diagnóstico da Esteatose Hepática

O diagnóstico da gordura no fígado geralmente é feito com base em uma combinação de avaliação clínica, exame físico, exames de sangue e exames de imagem, como:

  • Ultrassonografia abdominal: A ultrassonografia é um exame de imagem que permite visualizar a quantidade de gordura presente no fígado.

  • Elastografia hepática: Útil para avaliar se já há fibrose hepática decorrente do acúmulo de gordura.

  • Biópsia hepática: Em casos mais avançados ou para determinar o grau de inflamação do fígado, pode ser necessária uma biópsia hepática.

  • Ressonância magnética (RM) ou tomografia computadorizada (TC): Em alguns casos, esses exames de imagem também são usados para avaliar o fígado.

Tratamento e Prevenção da Esteatose Hepática

A boa notícia é que a gordura no fígado pode ser controlada e até reversível, especialmente quando diagnosticada precocemente. O tratamento geralmente envolve mudanças no estilo de vida e, principalmente, perda de peso!

  • Perda de peso: A redução de peso, mesmo que seja modesta (cerca de 5-10% do peso corporal), pode melhorar significativamente a condição do fígado.

  • Alimentação saudável: Uma dieta balanceada, rica em frutas, vegetais, fibras e grãos integrais, é fundamental. Evitar alimentos ricos em gordura saturada, açúcar refinado e carboidratos simples pode ajudar a reduzir o acúmulo de gordura no fígado.

  • Exercícios físicos: A prática regular de atividades físicas, como caminhada, corrida ou musculação, melhora a sensibilidade à insulina e ajuda a reduzir a gordura no fígado.

  • Controle das condições associadas: Se você tem diabetes, hipertensão ou colesterol elevado, controlar essas condições também pode ajudar a prevenir o agravamento da esteatose hepática.

  • Evitar o consumo de álcool: Para quem tem esteatose hepática, seja ela alcoólica ou não, é de extrema importância cessar o consumo de bebidas alcoólicas para evitar danos maiores ao fígado.

Conclusão

A gordura no fígado é uma condição comum, mas muitas vezes silenciosa nos estágios iniciais. Se detectada precocemente, pode ser tratada com sucesso por meio de mudanças no estilo de vida, como perda de peso, dieta saudável e prática regular de exercícios. Manter um acompanhamento médico regular e tratar as condições associadas, como diabetes e colesterol alto, também é fundamental para evitar complicações graves.

Com carinho, Dra. Bruna Liberali